domingo, 4 de setembro de 2011

Clarice Lispector

Clarice Lispector  nasceu na Ucrânia, porém mudou-se ainda bebê para o Brasil.  Passou a infância em Recife e em 1937 mudou-se para o Rio de Janeiro, onde se formou em direito. Estreou na literatura ainda muito jovem com o romance Perto do Coração Selvagem (1943), que teve calorosa acolhida da crítica e recebeu o Prêmio Graça Aranha.
Ela começou a colaborar na imprensa em 1942 e, ao longo de toda a vida, nunca se desvinculou totalmente do jornalismo. Trabalhou na Agência Nacional e nos jornais A Noite e Diário da Noite. Foi colunista do Correio da Manhã e realizou diversas entrevistas para a revista Manchete. A autora também foi cronista do Jornal do Brasil. Produzidos entre 1967 e 1973, esses textos estão reunidos no volume A Descoberta do Mundo.

"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..." - Clarice Lispector

Feliz Aniversário

Narrador: Terceira pessoa, narrador observador, onipresente.
Espaço: Casa de Zilda, uma das filhas de dona Anita, a aniversariante.
Tempo: Passado.
Personagens: Dona Anita (aniversariante), Zilda, José, nora de Olaria, nora de Ipanema, Manoel, Cordélia, Rodrigo, Dorothy, vizinhos, outros netos e bisnetos.
Dona Anita: É a aniversariante e está completando 89 anos. Uma mulher forte que não se conforma de ter tido filhos tão fracos e sem austeridade.
Zilda: Filha da aniversariante, única mulher de seis irmãos e por isso é quem cuida da mãe.
José: Gosta de falar e fazer discursos, homem de negócios, o líder.
Rodrigo: Tem sete anos e é o neto preferido de Dona Anita.
Enredo:  Uma senhora já idosa está completando 89 anos. Seus filhos, netos e bisnetos foram convidados para sua festa de aniversário. Ela observa atentamente enquanto todos chegam, a comprimentam, comem, conversam. Todos estão ali quase que por obrigação, ninguém demonstra estar realmente feliz por estar naquela festa; tentam fingir que estão felizes e que aquela é uma ocasião muito especial, porém ninguém se preocupa em saber o que a aniversariante está pensando. Essa, por sua vez, observa e pensa o quão fúteis, vazios, fracos e sem personalidade aqueles seus descendentes eram. Seu desgosto é tão grande que ela cospe no chão e talvez seja a única hora que ela é realmente notada. A aniversariante passa a festa inteira sentada em sua cadeira na cabeceira da mesa e não se move de lá um segundo.

Marina Colasanti

Ítalo-brasileira nascida na então colônia italiana da Eritréia, na cidade de Asmara, no ano de 1937. Migrou para a Itália, e, com o advento da II Guerra Mundial, veio para o Brasil, em 1948. Radicou-se na cidade do Rio de Janeiro, estudando pintura com Catarina Baratelle. Em 1958 já participava de vários salões de artes plásticas, como o III Salão de Arte Moderna. Atuou como apresentadora de televisão e roteirista. Em 1968 lançou seu primeiro livro, Eu Sozinha. Publicou mais de 30 obras, entre literatura infantil e adulta.
Escreveu seções nas revistas: Senhor, Fatos & Fotos, Cláudia, entre outras. Em 1976 ingressou na Editora Abril, e começou a escrever para a revista Nova. Posteriormente escreveu crônicas para a revista Manchete e para o Jornal do Brasil. Também foi redatora de uma agência de publicidade entre os anos 70 e 80. Sua carreira na televisão foi bem-sucedida. Atuou como entrevistadora e apresentadora na TV Rio, Tupi e TVE.
         Seu primeiro livro de poesias foi Cada Bicho Seu Capricho, de 1992. Em 1994 ganhou o prêmio Jabuti de Poesia, por Rota de Colisão, e o prêmio Jabuti Infantil ou Juvenil por Ana Z Aonde Vai Você?
         Em suas crônicas, como E por falar em amor; Contos de amor rasgados; Aqui entre nós, Intimidade pública, Eu sozinha, Zooilógico, A morada do ser, A nova mulher, Mulher daqui pra frente, O leopardo é um animal delicado, Gargantas abertas e os escritos para crianças Uma idéia toda azul e Doze reis e a moça do labirinto de vento, a autora reflete sobre diversos assuntos, como o amor, o cotidiano, a arte e os problemas sociais brasileiros, sempre com uma visão poética e sensível.
         Também trabalhou como tradutora de inglês, Francês e italiano. É casada com o escritor e poeta Affonso Romano de Sant’Anna, com quem tem duas filhas, Fabiana e Alessandra. 


A Moça Tecelã


Enredo: Narra o dia-a-dia de uma moça que tece. Tece todos os dias e nada lhe falta, tendo amor ao seu trabalho. Tece seus sentimentos, seus humores, tudo o que sua imaginação permite. Nada lhe falta, pois tece leite, peixe... Porém chega um momento em que sente falta de um companheiro. Pega os fios e começa a tecer o que homem que imaginava. Escolhe os fios mais trabalhados, detalhando roupas, corpo, rosto, e sapatos bem engraxados. Terminado o trabalho, o homem entra pela porta, e a mulher dorme feliz em seu ombro, imaginando os filhos lindos que teriam. Mas as ambições do homem eram diferentes, queria uma casa melhor e maior, e exigiu que a mulher a tecesse. Depois quis um palácio, e uma torre para abrigar a moçar e o tear, ela trabalhava sem parar e cada vez entristecia mais. Lembrou-se do passado, e como era feliz, e destece a noite, enquanto o marido dormia, desteceu tudo, voltando a sua vida simples e seus sonhos de mulher.
Narrador: Narrador observador;
Espaço: Uma casa simples, num ambiente de atmosfera fantástica e inatingível, em que a moça tecelã tece tudo o que é necessário para sua vida;
Tempo: O conto inicia-se ao amanhecer, e a personagem tece tudo o que vem a sua imaginação, alterando a natureza, tecendo a luz, o alimento...
Personagens:
- Moça tecelã: Mulher sonhadora, que tece sua imaginação e tudo o que fazia e sentia vontade de fazer era tecer. Sentindo-se sozinha, resolve tecer um companheiro, trabalhando em cada detalhe seu. Quando ele descobre os poderes do tear, exige que a mulher teça casa melhor, depois um palácio, uma torre... E a mulher começa a sentir-se triste, tecendo sem parar, e desfaz os fios da casa, do homem... Voltando a sua vida de antes;
- Homem: Imaginado em cada detalhe pela moça, tinha chapéu emplumado, rosto barbado, corpo aprumado e sapato engraxado. Faz a moça feliz até o momento que descobre os poderes do tear, mostrando-se extremamente ambicioso. Uma noite, enquanto dormia, a moça decide desfazê-lo. 

José J. Veiga


        José Jacintho Pereira Veiga (1915-1999) era goiano de Corumbá de Goiás, uma pequena vila a 150 quilômetros de Goiânia, e dizia dever a escolha de seu nome literário à ajuda de Guimarães Rosa que, com argumentos numerológicos e estilísticos, sugeriu José J. Veiga, na altura da publicação do livro de estréia "Os Cavalinhos de Platiplanto", em 1959. Seu romance "A Hora dos Ruminantes" foi publicado em 1966.  

LIVROS DO AUTOR: "Sombras de Reis Barbudos", "A Máquina Extraviada", "Objetos Turbulentos", "De Jogos e Festas", "A Usina Atrás do Morro", "Aquele Mundo de Vasabarros" e "Os Pecados da Tribo", entre outros. Traduziu diversas obras de autores estrangeiros.

Teve seus livros lançados nos Estados Unidos, Inglaterra, México, Espanha, Dinamarca, Suécia, Noruega e Portugal. Ganhou a versão 1997 do Prêmio Machado de Assis, outorgado pela Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de sua obra. Morreu no Rio de Janeiro, onde viveu por 49 anos.

Vídeo inspirado no conto "Circuito Fechado"


A Máquina extraviada.

Narrador: Narrador personagem.
Espaço: Cidadezinha do sertão.
Personagens: O narrador que transmite as novidades na cidade desde a chegada da máquina e parece preocupado se a mágica envolvente do mistério da verdadeira função da máquina chegar a acabar.
prefeito mesmo assumindo não ter envolvimento com o aparecimento repentino da máquina encampou a compra quando designou um funcionário para zelar pela máquina.
vigário que não admite esse rebuliço todo da gente por conta da máquina que nem utilidade  tem.
Clodoaldo, homem abrutalhado que mesmo assim trata a máquina com respeito.
Funcionário para cuidar da máquina escolhido pelo prefeito e que leva o trabalho muito a sério.
Caixeiro da loja do velho Adudes que perde a perna  ao rolar da plataforma mais alta da máquina e caiu em cima de uma engrenagem e com o peso acionou as rodas, assim, agora ele também ajuda na conservação da máquina, cuidando das partes mais baixas.
 Restante da população, como as velhinhas ou as crianças, que possuem uma admiração pela máquina misteriosa.
Síntese do conto: O conto mais parece uma carta escrita pelo narrador transmitindo as boas novas que envolvem totalmente a chegada de uma máquina extraviada na sua cidade pacata de sertão. Assim, todos ficam curiosos em relação a tal máquina, que com o tempo se torna o orgulho da cidade. A máquina mesmo não sendo de nenhuma utilidade representa como o homem simples é vulnerável e de como a vida pode ser supérflua, pois o que mais aflige o narrador é a descoberta da real utilidade para a máquina misteriosa indicando a influência do meio no "um".

http://www.youtube.com/watch?v=8EOLVjmtAWs